Em 19 de outubro de 2024, completaram-se 101 anos do nascimento de Vinícius de Moraes, um dos mais notáveis poetas da língua portuguesa. Seus versos intensos e inspirados pelo mar transformaram a poesia brasileira, expressando seu amor pela boemia e pela cidade do Rio de Janeiro.
No bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, nasceu em uma manhã de primavera de 1913, Marcus Vinicius da Cruz de Melo Moraes. Apenas aos 8 anos, seu nome foi alterado para Vinícius, tornando-se um símbolo do autêntico carioca.
Filho do jornalista Clodoaldo Pereira da Silva Moraes e da pianista amadora Lydia Cruz de Moraes, Vinícius cresceu em uma família numerosa, mudando-se várias vezes entre a casa dos avós, em Botafogo, e a dos pais, na Ilha do Governador. Cursou o ensino médio no Colégio Santo Inácio, onde seus talentos musicais e poéticos começaram a emergir, iniciando suas primeiras parcerias musicais com os irmãos Haroldo e Paulo Tapajós.
Aos 17 anos, ingressou na Faculdade de Direito na Rua do Catete, mergulhando em um ambiente intelectual rico, que incentivou a publicação de seus primeiros poemas. Em 1932, lançou seu primeiro poema, “A Transfiguração da Montanha”, durante sua fase conservadora, participando inclusive de reuniões do partido integralista. Na década seguinte, alterou radicalmente sua visão política, adotando o comunismo.
Nesse mesmo ano, os irmãos Tapajós gravaram as canções compostas com Vinícius anos antes. Ao graduar-se, publicou seu primeiro livro “O Caminho para a Distância” em 1933, seguido por “Forma e exegese” em 1935, que foi bem recebido pela crítica, alavancando sua carreira poética.
Em 1938, obteve uma bolsa para estudar na Universidade de Oxford, aprofundando-se especialmente nos sonetos de Shakespeare. Após retornar ao Brasil, tornou-se diplomata, ampliando sua produção artística.
Na década de 1940, trabalhou como redator no jornal “A Manhã”, vinculado ao Estado Novo e dirigido pelo jornalista Cassiano Ricardo. É dito que quase foi demitido por faltar ao trabalho para ir ao cinema, mas Cassiano criou a primeira coluna de cinema do Brasil, realocando Vinícius e evitando sua demissão.
Em 1954, iniciou uma das mais memoráveis parcerias da música brasileira com Antônio Carlos Jobim, criando a peça Orfeu da Conceição. Dessa colaboração surgiram sucessos como “Garota de Ipanema”.
Com Tom Jobim e João Gilberto, Vinícius ajudou a fundar o movimento da Bossa Nova, compondo e apresentando-se internacionalmente.
Em 1969, após o decreto do AI-5, foi exonerado de seu cargo diplomático pelo presidente Arthur Costa e Silva, uma notícia que o deixou profundamente abalado.
A parceria com Toquinho começou em 1970, rendendo novas canções e shows ao lado de artistas como Clara Nunes. Essa fase foi marcada por intensa produção musical e poesia infantil.
Em 1978, passou a viver com sua última esposa, entre nove. Em 9 de julho de 1980, após sofrer um derrame, Vinícius faleceu aos 66 anos, deixando cinco filhos e um rico legado poético com 14 livros e 599 canções.
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