Louvação a Torquato Neto: 80 Poetas Celebram o Legado do Tropicalista

Em 9 de novembro, comemoraram-se 80 anos do nascimento de Torquato Neto, figura icônica do movimento tropicalista que, apesar de ter falecido aos 28 anos, em 10 de novembro de 1972, continua impactando gerações. Em homenagem a essa data e à atemporalidade de sua obra, o poeta paulista Tarso de Melo idealizou o livro “Só quero saber do que pode dar certo: oitenta vozes vezes Torquato Neto”, um projeto que explora a relevância do multiartista por meio de diálogos entre sua produção e a poesia contemporânea.

Organizado por Tarso de Melo e pelo poeta piauiense Thiago E, contador de Torquato, o livro reúne três partes principais. O núcleo central é uma antologia com obras de 80 artistas de diferentes regiões, gerações e estilos, que ressoam com o legado do tropicalista. Entre os participantes, estão nomes como Ailton Krenak, Arnaldo Antunes, Estrela Leminski e Ricardo Aleixo, além dos próprios organizadores. A obra não se limita à poesia escrita, abrangendo também expressões ligadas às artes visuais, em sintonia com as inovações criativas de Torquato.

O segundo eixo da publicação traz textos de contemporâneos de Torquato, incluindo nomes como Augusto de Campos, Chacal e Paulo Leminski, que prestam homenagens e oferecem reflexões sobre o impacto do poeta. Essa seção conecta-se diretamente à revista Navilouca , projeto vanguardista idealizado por Torquato e Waly Salomão em 1971, mas publicado postumamente, em 1974, consolidando a influência do homenageado no cenário artístico da época.

O livro é completo com uma fotobiografia detalhada, organizada com imagens cedidas por George Mendes, primo de Torquato e guarda de seu acervo. Essa combinação multifacetada reflete o espírito inovador do poeta, que transitava entre poesia, música, cinema, jornalismo e performance. Segundo Thiago E, a obra celebra a capacidade de Torquato de integrar linguagens e reinventar formas de expressão, mostrando como sua criatividade continua ressoando na cultura contemporânea.

Torquato Neto e a Soma de Linguagens
A riqueza de Torquato está na forma de uma única arte diferente em sua obra. Seja por meio de suas letras, como “Pra Dizer Adeus” e “Geleia Geral”, ou de sua poesia, ele permanece um símbolo de inovação. Como destaca Melo, a radicalidade e a urgência de Torquato não apenas marcaram sua época, mas o tornaram atemporal. Canções como “Go Back”, transformadas em música de Sérgio Britto, dos Titãs, são tão atuais quanto há 50 anos, perpetuando seu legado no imaginário cultural brasileiro.

“Só quero saber do que pode dar certo: oito vozes vezes Torquato Neto” é, portanto, uma obra que celebra a memória do tropicalista, apresentando novas perspectivas e reafirmando sua importância no cenário artístico nacional e internacional.