Romance Secular na Era Digital: A Persistência do Amor nas Letras

Stella Gaspar

COLUNISTA

Professora da Universidade Federal da Paraíba do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia. Mestre e Doutora em Educação. Pós-doutorado em Educação pela Faculdade de Magistério de Valência-Espanha.

Romance Secular na Era Digital: A Persistência do Amor nas Letras

 

No cenário dinâmico da cultura digital, as interações com a literatura são transformadas diante das novas possibilidades que o ciberespaço inaugura. As novas tecnologias têm influenciado demasiadamente como o homem vive e se relaciona em vários campos da vida. Na era digital, a produção e difusão de romances de amor se transformaram com o surgimento de novas tecnologias, como as redes sociais e as plataformas de publicação.

“Um romance cibernético demonstra a ânsia por uma experiência amorosa completa.”

As redes sociais, como Facebook, Instagram, entre outras, transformaram a maneira como as pessoas se conhecem, interagem e mantêm seus relacionamentos. Um romance cibernético demonstra a ânsia por uma experiência amorosa completa, que transcenda a barreira do virtual. Bastante contemporâneo, o amor na era digital é uma experiência que envolve complexidades de relacionamentos, fantasias e sentimentos envolvidos virtualmente. O desejo é profundo e ansiado pela vontade de que essa conexão virtual se torne algo real e palpável, evidenciando a necessidade do contato físico direto com aquela vontade de parar o tempo.

É esse processo representado nos romances sentimentais que mantém a irrigação constante do imaginário pelo real e do real pelo imaginário.  Segundo Morin (2005, p.136) “sem a literatura, o amor não existiria…” Mas, reciprocamente, sem a necessidade de amor, toda a literatura não existiria”. A natureza do amor na cultura de massa está na oscilação entre imaginário e real, pois se busca nas vivências cotidianas de uma época contemporânea e nas necessidades reais dos indivíduos a constituição de modelos que são aceitos e repetidos nas mais diversas histórias sentimentais. Percebe-se que a busca do amor é permanente em qualquer tempo e em qualquer tipo de mídia, seja no impresso ou no digital. O romance também pode ter seu espaço na cultura digital, ainda que não tenha sido pensado e produzido em função ou para ela. Digo com isso, a importância que tem a imaginação, em um curto período, com as formas de se buscar o amor. O amor entre oceanos e geografias não diminui, porque a vontade de amar, de estar juntos são mais fortes que as fronteiras. Esse amor é paciente, resistente, alegre ou triste. Há dias de exaustão, dias de descrença, mas existe a espera do contato virtual, porque existe amor por alguém que está à espera na tela do computador, do celular, na mensagem do WhatsApp, ou nas correspondências dos e-mails. Quando o assunto é o amor, a teia de significantes permanece a mesma. Os amantes são mortais e buscam a plenitude e a felicidade, não querem mais morrer no final, como acontecia nas tragédias do romantismo. Citamos a influência dos temas shakespearianos na literatura moderna, particularmente em relação aos temas de amor, ciúme, ambição e poder, é um testamento da relevância duradoura de sua obra. A maneira como Shakespeare durante o século XVI, usou a linguagem para evocar emoções e criar imagens vívidas continua a inspirar, romancistas contemporâneos como; Herman Melville e Charles Dickens, embora essa só seja uma pequena citação.

A persistência do Amor nas Letras é fascinante; cada amor tem a sua arte de amar; uma das razões que explicam justamente a força de combustão da paixão é o fato de sabermos que ela será consumida, satisfazendo desejos. O romance está vivo, pois a leitura de um romance é uma espécie de sonho acordado.

 

Referências.

Morin, Edgar. Cultura de massas no século XX: espírito do tempo. Vol. I — Neurose.9. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.

Por STELLA GASPAR

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